CONFIRA
AS BIZARRICES DOS ALIMENTOS E PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
Ketchup com
ingredientes do cimento, insetos para dar cor à salsicha, gases
bélicos no creme
de barbear. Calma! Ao contrário do que se pensa, poucos
aditivos químicos fazem mal e muitos são tão naturais quanto um alface. Conheça
a ciência bizarra dos produtos mais comuns na sua casa.
KATCHUP - Ele é mais natural do que você imagina.
COMPOSIÇÃO: polpa de tomate, vinagre, sal,
espessantes (goma xantana e pectina) açúcar, conservantes (ácido sórbico e
cloreto de cálcio).
Goma xantana
Trata-se de meleca de bactérias. Esse carboidrato
gelatinoso vem das bactérias Xanthomonas, uma praga que ataca verduras e a
cana-de-açúcar, vivendo de sacarose. Na indústria, elas são criadas para virar
uma gosma, que dá consistência a sucos, sorvetes, xaropes, cremes dentais.
Também é usada em tintas de parede e até para lubrificar brocas de perfuração
de petróleo.
Ácido sórbico
Sem ele, o ketchup ficaria
com uma camada branca ou cinza em poucos dias. O ácido sórbico evita que
apareçam bolores e leveduras em alimentos ácidos, como refrigerantes, iogurtes
e maionese. Extraído da tramazeira, uma árvore que dá frutinhos vermelhos, é um
dos conservantes mais eficientes e menos tóxicos que existem – faz menos mal
que o sal de cozinha ou o vinagre.
Cloreto de cálcio
Esconde do sabor a acidez do ketchup – mas
não a elimina, já que a acidez inibe microorganismos. O cloreto de cálcio une
os ingredientes, evitando que a água se separe da mistura. Fora da cozinha,
aparece no extintor de incêndio e até em misturas de concreto, para reduzir o
tempo de endurecimento do cimento. Na concentração usada em alimentos, não faz
mal à saúde.
Pectina
Sabe aquela casca branca da laranja? Ela é cheia do
polissacarídeo pectina, o principal componente da parede celular dos vegetais.
Da casca da laranja e dos resíduos da polpa da maçã, se extrai o suco de
pectina. Quando está em meios ácidos e doces, como o ketchup, esse
suco deixa a massa cremosa, ajudando a goma xantana a tornar o resultado mais
consistente.
CREME
DE BARBEAR - Das bombas de guerra para o seu rosto.
COMPOSIÇÃO: gordura (ácido palmítico e ácido
esteárico), estabilizantes (BHT , hidroxietilcelulose e sílica), base
(trietanolamina), fragrâncias, corante CI 42090, gases propelentes (isopentano
e isobutano), solventes (água e propileno glicol), óleo de Melaleuca
alternifolia (anti-séptico), hidratantes (oleato de glicerila, sorbitol e
PEG-90M.
Ácidos palmítico e esteárico
Os dois são gordura vegetal: o primeiro vem da
palma e o segundo é extraído principalmente da mamona. É a reação desses
ácidos com uma base que forma o sabão. Por isso, os dois são usados para dar
corpo a várias loções cremosas. O ácido palmítico também protege a pele dos
efeitos irritantes das matérias-primas detergentes.
Trietanolamina
A espuma que sai do recipiente é, em grande parte,
obra desse ingrediente. Em contato com o ar, ele reage com os ácidos e forma o
sabão. É controlado pelo Exército, já que é um componente do nitrogênio
mostarda, usado no tratamento de câncer e no gás mostarda, arma conhecida desde
a 1a Guerra Mundial.
Isopentano e isobutano
Com a crise da camada de ozônio, as fábricas
tiveram de trocar o CFC por gases menos nocivos, como esses dois. Inflamáveis,
eles se expandem rapidamente e expulsam a espuma do frasco. Não são tóxicos,
mas asfixiam em concentração alta, já que deslocam o oxigênio.
Sílica
A sílica em pó é vilã das doenças pulmonares, mas,
no estado líquido, serve como um estabilizante. Dentro da embalagem, sob
pressão, o produto precisa
de agentes como a sílica para evitar que os gases, sob forma líquida, se
misturem.
Oleato de Glicerila, sorbitol e PEG-90M
O rosto dos homens seria como o de um Frankenstein
não fossem esses 3 amigos. Eles hidratam as células da pele, deixando-a
escorregadia e protegida para que a lâmina de barbear deslize na boa.
SABONETE
ESFOLIANTE - Tira gordura, repõe gordura.
COMPOSIÇÃO: polietileno, gordura (ácido esteárico,
ácido de coco e cocoato de sódio), detergentes (isetionato de sódio e estearato
de sódio), água, hidratantes (sebato de sódio e cocoilisetionato de sódio),
dióxido de titânio, óleo de amêndoa, óleo de semente de girassol, sal, óxido de
zinco e conservante EDTA.
Polietileno
Sabe aquela areia do sabonete
esfoliante? Não é areia, mas plástico, o mesmo de qualquer saco de
supermercado. A diferença é que, na fórmula cosmética, ele está no formato em
que é comercializado como matéria-prima: em grânulos.
Isetionato de sódio
Um dos principais componentes do sabonete, o
isetionato tem propriedades detergentes. Separa do corpo as partículas de
gordura muito finas. Por ter baixo poder de irritação, é o queridinho na
fabricação de produtos hidratantes.
Cocoilisetionato de sódio
Sua função é a oposta do item anterior: depositar
na pele uma camada de gordura, repondo a proteção natural do corpo e deixando a
pele menos exposta à agressão dos detergentes presentes na fórmula.
Dióxido de titânio
No sabonete, o
dióxido é o agente que opacifica o produto, ou seja:
dá ao sabonete aquele
aspecto branco cremoso. Junto ao óxido de zinco, é muito utilizado em
protetores solares, pois os dois são capazes de barrar a radiação solar.
Óleo de semente de girassol
Usado em cremes vegetais, como a maionese, entra na
fórmula do sabonete porque
nutre e hidrata as células da pele.
Estearato de sódio
É o componente que forma o sabão. O estearato é um
tensoativo, ou seja, mistura e dissolve a sujeira, o sebo e o suor da
superfície da pele, para que sejam todos arrastados pela água ralo abaixo.
XAMPU -
Brincando com a energia elétrica do seu cabelo.
COMPOSIÇÃO: água, detergentes (lauril éter sulfato
de sódio e cocoamidopropil betaína), reguladores de viscosidade (diestearato de
etilenoglicol e carbômero), sal, fragrância, cloreto de guar
hidroxipropiltrimônio, palmitato (pró-retinol A), BHT, formaldeído,
dimethiconol, vitamina A, ceramida, corante CI 17200, hidróxido de sódio, ácido
cítrico.
Ácido cítrico
Ele dá a sensação de frescor no refrigerante, mas na
fórmula do xampu regula a
acidez para deixá-la idêntica ao pH dos fios de cabelo. Assim, afasta a
possibilidade de irritação.
Lauril éter sulfato de sódio
Correntes de internet volta e meia afirmam que o
lauril é cancerígeno, mas a Anvisa já deu parecer favorável a esse
superdetergente. Ele é carregado com íons que abrem a camada externa dos fios,
tirando a sujeira do cabelo. Também é usado em cremes de limpeza da pele, amaciantes
de roupas e sorvetes, misturando os ingredientes.
Cocoamidopropil betaína
Controla o tamanho das bolhas de espuma, ajudando a
reduzi-las e deixando-as parecidas. Também abre as cutículas dos fios – e,
quando faz isso, o cabelo perde o brilho.
Cloreto de guar hidroxipropiltrimônio
Esse aditivo impronunciável é um dos amigos do
cabelo. Depois que os tensoativos abrem as cutículas dos fios e tiram a
sujeira, o cloreto de guar etc., que tem carga elétrica contrária à do cabelo,
neutraliza tudo. Fios fechados e superfícies lisas refletem melhor a luz,
gerando brilho.
Formaldeído
Isso mesmo: o formol, usado para embalsamar
cadáveres, também vai no xampu. Até
0,2% de concentração, ele não causa dano nenhum. Por volta de 4%, vira um
poderoso alisante de cabelos (usado na ilegal escova progressiva), mas pode
provocar câncer.
Hidróxido de sódio
Calma! A soda cáustica não vai queimar o cabelo.
Sua função é só estabilizar a mistura e ser base para o sabão.
REFRIGERANTE - Água,
gás carbônico e cor.
COMPOSIÇÃO: água gaseificada, açúcar, suco natural
de laranja 10%, acidulante INS 330, conservante INS 211, estabilizantes INS 444
e INS 480, aroma sintético idêntico ao natural, corante artificial INS 110
(amarelo-crepúsculo), antioxidante INS 300.
Água gaseificada
Para que o refri tenha as famosas bolhas, água a
gás carbônico são combinados no carbonizador – um aparelho que comprime e
dissolve o CO2 na água. O resultado é um ácido líquido, o ácido carbônico, ou
água gaseificada. Já dentro da embalagem, os refrigerantes recebem uma dose
extra de gás carbônico para conservar a bebida. Quando você abre a garrafa, ele
foge imediatamente.
Acidulante INS 330
A sigla INS vem de International Number System, o
sistema numérico padrão para aditivos químicos. O 330 é o velho ácido cítrico.
Ele deixa a bebida mais ácida, reduz os micróbios presentes ali e também é
responsável pela sensação refrescante do refrigerante. O ácido
cítrico é produzido por um fungo, o Aspergillus niger, durante a fermentação do
melado de cana-de-açúcar.
Estabilizantes INS 444 e 480
Servem para que o refrigerante não
separe a água dos óleos essenciais durante o prazo de validade, mantendo o
gosto da bebida. Sem eles, a Fanta teria tudo, menos gosto de laranja. Bebidas
energéticas e sucos também agradecem: com esses dois aditivos, cada gole é
igual ao outro.
Corante artificial INS 110
Sintetizado a partir da tinta de alcatrão, o
corante amarelo-crepúsculo está em quase tudo que é cor de laranja, como balas,
cereais, xaropes. Pessoas com asma ou hipersensibilidade à aspirina podem ter
reações adversas, como rinite – por isso, o INS 110 foi proibido na Finlândia e
na Noruega.
Antioxidante INS 300
Um nome difícil para o ácido ascórbico, também
conhecido como vitamina C. Serve para evitar que a bebida sofra oxidação e o
aroma permaneça igual.
SALSICHA - Tem
besouros em pó, fumaça em pó e até carne.
COMPOSIÇÃO: carne mecanicamente separada de ave,
pele e miúdos suínos (fígado, rins, coração), carne suína, gordura de ave,
água, proteína texturizada de soja, amido (máx. 2%), sal, açúcar, alho.
Estabilizante tripolifosfato de sódio, aroma de fumaça, glutamato monossódico,
conservante nitrito de sódio, antioxidante eritorbato de sódio, corantes urucum
e carmim de cochonilha.
Carne mecanicamente separada
No início, é o frango. Depois que a desossa manual
tira o peito, a coxa e a sobrecoxa, o que sobrou vai para a prensagem mecânica.
Ali é extraída a carne dentre os ossos, que sai da peneira em forma de pasta.
Sem esse processo, boa parte da carne iria para o lixo. É nojento – e mais
barato.
Pele e miúdos suínos
Se só tivesse carne, a salsicha seria
dura e cara. A pele de porco cozida é fonte de proteína de gordura e de
colágeno (uma gelatina que deixa a mistura macia). O coração dá cor à massa, já
que é rico em mioglobina (o pigmento vermelho da carne). Já os outros
componentes (fígado e rins) não têm função certa: servem mesmo para encher
lingüiça, ou melhor, salsicha.
Água, proteína de soja e amido
Uma invenção brasileira. Para substituir parte da
gordura, as indústrias nacionais usam água. Para reter essa água, é preciso
adicionar proteína de soja e amido (fécula de mandioca). Essa soma reduz a
quantidade de gordura – enquanto as salsichas estrangeiras têm até 30% de
gordura, as nacionais levam de 20% a 22%.
Tripolifosfato de sódio
Coadjuvante do sal, ajuda a manter a gordura
misturada à massa. A salsicha poderia
passar sem o tripolifosfato: ele é prescindível do ponto de vista tecnológico e
tem muito sódio – um problema para hipertensos. Por isso, é evitado na Alemanha
e na Suíça.
Aroma de fumaça
É como comer fumaça em pó. A fábrica destila a
fumaça na água, filtra as impurezas e seca a solução. O pó restante é
acrescentado à massa, dando aquele sabor de defumado à lingüiça.
Corante de urucum
Usado como maquiagem por índios brasileiros, o
urucum dá a cor da capa da salsicha. O
Brasil usa urucum na salsicha porque,
aqui, ela só vende se for colorida. Mas a lei proíbe urucum na parte interna –
que poderia mascarar uma possível falta de carne.
Carmim de cochonilha (INS 120)
Parece piada, mas esse corante é extraído da fêmea
do Dactylopius coccus, um besouro que não mede mais de 5 milímetros. Secado ao
sol e depois triturado, o besouro vira um corante vermelho usado em iogurtes,
sorvetes, recheios de bolachas. O problema é juntar tantos insetos: para cada
quilo do pigmento, vão 150 000 besouros!
PRECAUÇÕES
• Nos desodorantes antitranspirantes, o cloreto e o
sulfato de alumínio bloqueiam a produção do suor. Os cientistas ainda não têm
certeza se esse bloqueio traz problemas. Na dúvida, melhor preferir os
desodorantes que não impedem a transpiração.
• A salsicha pode não
ser um primor, já que mistura ave, porco e miúdos de ambos na composição. Mas
jornal, definitivamente, ainda não entrou para a fórmula, como as correntes na
internet propagam.
• O leite longa-vida não tem conservantes: ele
passa por um processo de esterilização a alta temperatura. É fervido a 144 oC
por cerca de 3 segundos.
FONTES: Pedro Eduardo de Felício, professor da
Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (salsicha); Carmen
Silvia Fávaro Trindade, professora de Engenharia de Alimentos da USP (refrigerante e ketchup);
empresa Unilever do Brasil (ketchup);
Associação Brasileira de Cosmetologia (xampu e creme
de barbear); Marcelo Guimarães, professor de farmacotécnica e
cosmetologia da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Medicina da Fundação
do ABC; e Mônica Camargo, pesquisadora do Centro de Química e Nutrição Aplicada
(Ital).
tudo está contaminado mesmo não sabemos o que fazer para viver nessa bagunça eles brincam com nossas vidas e ninguém faz nada
ResponderExcluir